
Éder Muniz, “Ilê Ti Okàn”, 2024. Técnica mista, resina e cabaça, 35 cm X 25 cm (cada obra). Coleção do artista. Foto: Luan Teles / SecultBA
18 June 2025
Magazine América Latina Magazine
2 min de leitura
Raízes: Começo, Meio e Começo
Partindo de cosmologias africanas sobre o tempo, Raízes: Começo, Meio e Começo transcende a lógica ocidental de tempo como uma medida irreversível com início, meio e fim, propondo a ancestralidade como eixo fundamental para a compreensão e construção do presente e do futuro.
A exposição Raízes: Começo, Meio e Começo aconteceu no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador. A mostra reuniu os trabalhos de 80 artistas negros e negras, divididos em cinco eixos temáticos: “Origens”, “Sagrado”, “Ruas”, “Afrofuturismo” e “Bembé do Mercado”.
O Baobá, considerado a árvore da vida por algumas culturas africanas, foi colocado no centro da mostra. Suas raízes profundas representam ancestralidade e memória, enquanto o tronco representa as novas gerações, enraizadas em uma base sólida para sobreviver às adversidades. Os galhos, por sua vez, evocam o amadurecimento e as folhas que caem alimentam o ciclo da renovação contínua. Na história das populações negras escravizadas entre os séculos XV e XVI, o Baobá também carregava o simbolismo da árvore do esquecimento. Antes de serem forçadas a atravessar o Atlântico em navios negreiros rumo às Américas, pessoas africanas eram obrigadas a realizar um ritual de desenraizamento ao redor do Baobá, como uma tentativa de cortar seus vínculos com a terra de origem e suas memórias.
Com curadoria de Jamile Coelho, diretora do MUNCAB, e de Jil Soares, a exposição celebrou, essas raízes profundas e a resistência africana.
Raízes: Começo, Meio e Começo esteve em cartaz no MUNCAB até março de 2025.

Jeise Ekê de Lundu, “Quem Procura o que não Guardou quando encontra não Reconhece”, 2024. Installation. Cardboard tree, kraft paper roll, latex paint, geo-paint, organic varnish, insect shells and fabric, sawdust floor with ceramic plates, 10 m x 10 m x 4 m. Artist’s collection. Photo: Luan Teles / SecultBA

Exhibition view of Raízes: Começo, Meio e Começo, at MUNCAB. Photo: Luan Teles / SecultBA

Nádia Taquary, “Puxada de Rede”, 2013. Installation composed of a boat with mast, net, and 60 silver-plated metal fish. Boat: 3 m; net: 17 m. Artist’s collection. Photo: Luan Teles / SecultBA

Exhibition view of Raízes: Começo, Meio e Começo, at MUNCAB. Photo: Luan Teles / SecultBA

Unknown author, “Oduduwa – Yoruba Ethnicity”, undated. Bronze casting, 34 cm x 16 cm x 15 cm. Katuka Africanidades Collection. Photo: Luan Teles / SecultBA

Exhibition view of Raízes: Começo, Meio e Começo, at MUNCAB. Photo: Luan Teles / SecultBA

Nalbert P.S., “Trancoso Is No Longer a Village Series”, 2023. Three-dimensional object. Handwoven raw cotton threads, stencil printing, stitching and blue spray paint, 100 cm x 150 cm (total fabric: 100 cm x 300 cm). Artist’s collection. Photo: Luan Teles / SecultBA

Annia Rizia, “Pivete Lucas”. Sculpture. Fiberglass and plated metals, 57 cm x 36 cm x 34 cm. Artist’s collection. Photo: Luan Teles / SecultBA

Emanuel Araújo, “Untitled”. Sculpture. Wood, 220 cm x 60 cm x 40 cm. Paulo Darzé Gallery Collection. Photo: Luan Teles / SecultBA
Mais artigos de

Memórias de alagamento

Veronica Ryan: Objetos indisciplinados

Raízes e renascimento: mulheres dominicanas na arte
Mais artigos de

Retificando a ausência da América Latina nos debates sobre arte afrodiaspórica

Macuxi Jaider Esbell: Uma vida indígena levada pelo extrativismo epistêmico

